Deixamos 2020 e entramos em 2021. Um novo ciclo se inicia, deixando para trás um ano histórico pelas piores razões. Mas, há que seguir em frente com esperança e sonho.
O Hino à Alegria, de Beethoven ( 9ª Sinfonia), tocado e visto de forma diferente:
Não vamos aqui falar propriamente de Ludovico Einaudi, mas sim, fazê-lo passar como um tradutor de mensagens captadas e traduzidas para o registo musical.
Segundo as suas palavras " A música tem o grande poder de fazer-nos sentir menos sós e mais inspirados."
Como amante de música, tendo a encontrar em geral e, para as que me fazem "eco" em particular, explicações sobre o que pretende o compositor deixar transparecer, podendo as mesmas, ter origens em emoções, imagens mentais, sensações, etc. Posso não captar a mensagem segundo a mesma perspectiva, mas sei que algo o levou a compor daquela forma. Esse é um exercício que nem todos fazemos, nem temos que fazer, mas que é endógeno em mim.
Quando, por mero acaso, este video me surgiu, fiquei maravilhada pelo conteúdo e, de alguma forma, boquiaberta pelo facto de, sem o saber e sem dar qualquer importância, ter sido assertiva na interpretação.
Não vou obrigar ninguém a ouvir tudo. Deixo somente a informação que me pareceu pertinente, sabendo que se tratam de quatro músicas que sempre me fascinaram e que o vídeo está dividido em capítulos, tratando cada um de uma única música.
1 - WALK - Algo de fantástico e que deixa transparecer uma criatividade emocional fabulosa.
2 - ELEGY FOR THE ARTIC ( 4m, 48s) - Uma peça linda e que sempre me fascinou. Durante a música, seguindo uma escala grave e descendente, o glaciar desmorona-se, quase como uma resposta da natureza. Sabendo que o som se propaga por ondas, e dada a sua intensidade, era de alguma forma normal, que o gelo pudesse dar de si, mas, estamos a falar de um glaciar, logo, supus que tivesse sido feita uma montagem, ou que a minha imaginação estivesse a fluir demasiado. Afinal....
3 - NUVOLE BIANCHE ( 10m, 35s) - Embora sabendo o significado do título da composição e os seus acordes me levassem a essa representação, a explicação de L.E. é deliciosa.
4 - EXPERIENCE (15m 32s) - Segundo L.E. a música está estruturada com base na rotação de três acordes, como um mantra, criando um efeito ascendente/descendente. Ouvi esta composição vezes sem conta, até perceber o que pretendia transmitir. O violino tem uma grande importância porque é ele que impõe a "ondulação", sendo que, do minuto 5 para a frente, é notória a quase pausa descendente veiculada pelo piano, seguida de notas enfáticas de ascendência e descendência.
Esta fotografia foi tirada não pela simbologia, mas pela beleza que dela emanava na altura. Lembro-me que, comigo, estava uma amiga que acendeu e colocou neste local, a sua luz e as suas orações, estando eu, como mera observadora.
Gosto da luz da vela, mas somente como algo "vivo", que tem movimento e se transforma. Pagar para deixar um objecto destes numa igreja, não me faz sentido.
Costumo dizer que sou católica porque o quiseram, visto que me batizaram. Quando criança, ainda fiz alguns passos como católica. Não porque me obrigassem. Assim, as duas comunhões que fiz - hoje sei - nada mais foram que acontecimentos próprios da idade e que, na possibilidade de fazer o que os pares faziam, pois claro que queria pertencer ao grupo. Meus pais sempre deixaram que a vida, nesse aspecto, prosseguisse com naturalidade.
E, assim foi, até que um dia quis fazer parte de um encontro de jovens católicos. Com consentimento de ambos, lá fui. Não sem uma chamada de atenção do meu Pai, que me disse para ir, mas que achava que não seria o meu género (sem mais palavras).
Fui ao encontro e, dou comigo, no meio de uma multidão que se abraçava e chorava e, mais uma vez, observei, tentei perceber, mas não consegui. Óbviamente, não cheguei ao fim do encontro. Outras circunstâncias aconteceram que me afastaram ainda mais da igreja e sua filosofia. Olhando para trás, não percebo como o meu Pai, tolerou as palavras, para mim, obscenas, aquando do funeral do meu avô materno. Por minha parte, saí, por respeito ao meu avô que esse sim, era merecedor de tal.
Este palavreado todo para dizer que percebo e respeito quem acredita e é crente. Sofre menos, na minha perspectiva. Hoje, o meu Pai já cá não está e, nem através de uma vela numa igreja, consigo ficar mais perto dele, ou tolerar melhor este buraco negro que a sua ausência provoca.
Não existe hora para homenagens, mas na impossibilidade de aqui escrever no dia exato, queria contudo, deixar algumas palavras acerca daquele que, na sua vida como actor, entrou no nosso mundo deixando marca.
Ser actor, não é colocar-se no lugar do outro. É sim, deixar que o outro entre em si, no seu EU, incorporá-lo e dar-lhe vida.
Não são todos os que têm essa capacidade. Sean Connery, teve-a e usou-a com MESTRIA!
É comum ouvir António Variações. Identifico-me com algumas letras e fazem-me pensar, não só no seu conteúdo, como na pessoa que ele foi, cujas características lhe permitiram, entre outras coisas, transformar em linguagem musical, muitas realidades do Ser Humano.
Um Ser complexo, sem dúvida, nascido fora da época. Estava mais além e, disse-o numa das suas letras.
Li a sua biografia e vi o filme, baseado no livro elaborado. Achei que tocava nos pontos essenciais da sua personalidade, inclusive na parte final da sua vida.
Fotografia minha. Hospital Miguel Bombarda.
As últimas cenas do filme foram filmadas aqui, nos enormes corredores do Hospital Miguel Bombarda, local que, apesar de estranho, me trás saudade.
Fotografia minha. Miradouro da Senhora do Monte. Lisboa.
Já não é só em Paris que se fazem promessas de amor simbolizadas por cadeados. Uns mais personalizados, outros nem por isso, mas a mensagem é universal.
Estes, encontram-se ao longo do Miradouro da Senhora do Monte, eternizados perante o testemunho de uma Lisboa encantadora.
Fotografia minha. Miradouro da Senhora do Monte. Lisboa.
Para quem é um apaixonado pelo cérebro e seus meandros, a exposição "Mais Vasto que o Céu", patente há tempos atrás na Gulbenkian, foi algo de grande importância.
Fotografia minha. Fundação Calouste Gulbenkian.
Embora mais virada para os processos mentais a nível de percepção dos sentidos (mente), tudo se transforma em beleza e conhecimento quando temos oportunidade de conjugar também a neurociência.
Fotografia minha. Fundação Calouste Gulbenkian.
Os primeiros tratados, as descobertas ao longo dos tempos, a própria evolução no conhecimento cientifico.
Fotografia minha. Fundação Calouste Gulbenkian. Reacção neuronal dos neurónios.
A acção/reacção a estímulos variados, como por exemplo, um som, provocam uma miríade de contactos que transportam informação que, posteriormente e em segundos, será processada. Mais, quando algo interrompe "uma corrente", o nosso cérebro tem a capacidade de encontrar outro "caminho" para que a informação se processe, embora nos casos mais graves, não seja possível na totalidade, ou mesmo impossível..
Esta música, de autoria de Rodrigo Leão, era constante em toda a exposição e contribuía para nos perdermos na grandiosidade daquilo que somos, enquanto Seres Humanos.
Para mim, na realidade, é um mundo mais vasto que o céu!
Se o Complexo de Édipo foi bem vivido, segundo o Senhor Freud, as anteriores palavras estão correctas. A música foi o meu primeiro amor e será o último!
Esta imagem foi colocada para que se percebesse de onde foi tirada a fotografia seguinte.
Claro que continuei a tentar fazer visitas aos monumentos, na época pós Covid. Antes, seria quase impossível, a não ser que me colocasse em filas, o que não faz o meu género, a não ser quando não há outra possibilidade.
Fotografia minha. Tejo. Lisboa. Fim de tarde.
Já lá em cima fui confrontada com esta beleza fantástica. O farol do Bugio em frente à esquerda, a Torre de Belém logo à direita, e o Tejo, prateado, a desaguar no mar, com suas embarcações deambulantes.
Isto, sim, para mim é magia!
Tejo
Aqui e além em Lisboa – quando vamos
Com pressa ou distraídos pelas ruas
Ao virar da esquina de súbito avistamos
Irisado o Tejo:
Então se tornam
Leve o nosso corpo e a alma alada
Sophia de Mello Breyner Andresen (1994), in Obra Poética, 2011
"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiura, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente."
Os carrilhões de Mafra são um conjunto de dois carrilhões encomendados por D. João V para as torres sineiras do Real Edifício de Mafra, compostos por um total de 98 sinos, o que os torna uns dos maiores carrilhões históricos do mundo. Foram declarados, em 2019, juntamente com todo o Real Edifício de Mafra, como Património Mundial da Humanidade, pela UNESCO.
Fonte: wikipedia
Imagem retirada da net.
Como todos sabem, a recuperação parcelar (carrilhão sul) deu-se no corrente ano.
Fui contemplada com a sua audição no domingo passado, por mero acaso, tendo ficado a saber que, todas as semanas, neste mesmo dia, a partir das 16h é dado um concerto de Carrilhão.
Abel Chaves, Carrilhanista do Palácio Nacional de Mafra, numa das suas entrevistas ao Diário de Notícias diz: " O carrilhão é o Spotify, a música está na cloud."
E eu, fico nas estrelas ao ouvir este som maravilhoso!
Quem quiser e puder, não perca, até porque, Abel Chaves, tem o cuidado de fazer um programa musical muito heterogéneo.
Quando uma das nossas figuras parentais parte, algo em nós se transforma. A estrutura de vida modifica e, o tempo, que antes já não era muito, desta feita, desaparece, entre um desdobrar de trabalho, a nossa estrutura familiar, seja ela qual fôr e a atenção que dispensamos a quem cá ficou. Assim, se o tempo real corresponder à imagem real da fotografia e o seu reflexo a um tempo imaginário que pudesse ser usado, de certeza o usaria. Mas, infelizmente não é assim! Entre a grande saudade e a falta que meu Pai me faz, não sei qual delas doí mais!
Esta mesa está posta conforme os hábitos e etiqueta dos que habitaram este imóvel, aquando dos jantares, digamos, entre amigos, porque aqui não se faziam jantares de gala. Os objectos, são os mais variados (dei-me ao trabalho de tentar perceber para que eram alguns, sem sucesso).
Imagem retirada da net.
Mais tarde, lendo sobre esta temática descobri as Reais Ementas, apresentadas acima. Ora com um cardápio destes, não admira que não tenha percebido qual o uso de alguns objectos.
Sendo assumidamente uma rapariga do betão (como dizia Rui Veloso), eis que me oferecem tomate 100% natural, colhido horas antes. Achei linda não só a aparência, como os caules que ainda trás. Já para não falar do sabor. Habituada como estou a ver tomate no supermercado e consumi-lo de imediato, nem sempre (ou nunca) estou permeável para percepcionar toda a estrutura a montante do consumidor final. Citadina como sou, só por curiosidade me daria ao trabalho de os apanhar directamente da terra, mas estas ocasionalidades fazem falta para nos mantermos focados na natureza que tão bela pode ser. Por fim, só falta a louça Bordalo Pinheiro para unificar a questão em termos estruturais e visuais. 😀
Com tanto calor até as gaivotas procuram sombra! Como tudo na vida, também as férias passaram, com muita sorte em termos de clima e temperaturas aquáticas. Como a estadia foi em casa dos meus pais, a lágrima esteve sempre ao canto do olho, pelas lembranças e a sua falta. Sei que tenho que me habituar, mas tem sido difícil. Enfim, melhores dias virão! Já percebi que tenho muito que ler e actualizar. Vamos ver como resolvo esta problemática. 😊
Joana Carneiro, Maestrina Titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Ontem no Festival ao Largo, no Palácio da Ajuda, apesar do frio descomunal, não desisti e vi o espectáculo até ao fim. Não só os compositores eram bons como também a orquestra, mas no que diz respeito a esta, outra coisa não seria de esperar.
Foi a primeira vez que vi Joana Carneiro na direção musical de uma orquestra. Vale a pena em todos os sentidos. É fantástica!
Porque faço este post?
Porque embora eu goste deste tipo de música, sei que muitas pessoas não gostam e têm todo o direito. Contudo, se puderem, mesmo que seja através de espectáculos gratuitos, não percam a possibilidade de ver esta "nossa" maestrina, uma vez que, é excelente. Atrevo-me a dizer que só a sua postura é suficiente para ouvir mais um pouco.
Mosteiro de Flor da Rosa. Crato. Fotografia minha.
O Mosteiro de Flor da Rosa, no Crato, Alentejo, foi construído no sec. XIV, por D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato, Pai de D. Nuno Álvares Pereira.
Mosteiro Flor da Rosa. Crato. Fotografia minha.
Num dia de imenso calor, este foi um local de frescura e beleza. Nesta sala, onde se encontra o túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira, reina paz e silencio!
Mosteiro Flor da Rosa. Crato. Fotografia minha.
Somente corria a brisa que elevava os cortinados da entrada. Algo tão simples mas tão difícil de encontrar nos nossos tempos que, quando experimentamos, parece quase irreal.
Pátio do Palácio Nacional da Ajuda. Imagem da net.
O Festival ao Largo, foi transferido este ano para o Palácio Nacional da Ajuda, neste pátio, por razões de saúde pública. A entrada, imponente e iluminada, dá-nos uma perspectiva de entrada noutros tempos.
Sala de música. Palácio Nacional da Ajuda. Imagem da net.
Ouvindo uma peça de Rossini ( piano e coro) e olhando em redor, apercebi-me da situação caricata. Todos de máscara, inclusive, os músicos, usando os seus fraques e vestidos próprios para a ocasião. Ela, a máscara, retirava-nos a todos a individualidade! Possivelmente, irei ver a Orquestra Sinfónica Portuguesa, no mesmo local, somente porque gosto dos compositores. De outra forma não iria porque no fundo, tudo fica desvirtuado. Tenho que reconhecer que é necessário, mas triste!
Sala de entrada. Palácio Nacional da Ajuda. Fotografia minha.
Tentando afastar estes pensamentos, associei o que estava ouvindo a estas maravilhosas salas que, vazias, absorviam o som proveniente do concerto.
Jardim interior. Palácio Nacional da Ajuda. Fotografia minha.
Outrora usadas por pessoas, hoje mais não são que um reflexo de como se vivia naquela época. Com excepção feita aos nossos governantes que as usam para reuniões, banquetes e conferências de imprensa, onde discursam frente a um painel azul, escondendo o que de belo existe atrás. Ps: Sei qual a razão para ser usado o painel azul, mas não aceito.
A semana passada faleceu Ennio Morricone, com 91 anos. Felizmente, tive a possibilidade de ver o seu último concerto em Lisboa no ano 2019. Uma orquestra imensa, e um maestro, que na altura, já aparentava a sua bonita idade. Com dificuldades de locomoção, conduzia a orquestra já sentado num espaço preparado para si. Contudo, a "lucidez musical" estava intacta. Algo de extraordinário que tive o privilégio de presenciar!
Fotografia minha . Claustros do Mosteiro dos Jerónimos.
Os claustros fazem uma síntese de géneros e estilos diversos, conjugando
símbolos religiosos (entre os quais elementos da Paixão de Cristo), régios
(escudo régio, esfera armilar, cruz da Ordem Militar de Cristo) ...
Fotografia minha. Mosteiro dos Jerónimos.
Fotografia minha. Mosteiro dos Jerónimos.
... e
elementos naturalistas (cordas e motivos vegetalistas que coabitam com um
imaginário ainda medieval, de animais fantásticos)
Fotografia minha. Mosteiro dos Jerónimos.
"A
celebração do casal régio, [...] a elevação da narrativa bíblica da Paixão de
Cristo e a declamação da épica portuguesa [...] são aqui assumidos num discurso
único, com diversas combinações", contribuindo para a "projeção
mítica de uma missão superior a desempenhar pelo reino português". Fonte: wikipédia
Fotografia minha. Mosteiro dos Jerónimos.
É desta forma, olhando, procurando, observando esta beleza e pesquisando que viajo no tempo. Uma forma terapêutica para a procura do equilíbrio psicológico. Nem sempre o consigo, mas ajuda.
Esta peça foi-me "oferecida" e depois de ouvir, resolvi fazer um post, por vários aspectos. Himari, é uma criança prodígio, como muitas outras. Chegou com esta idade, a um patamar em que se chega já adulto, depois de muito trabalho e estudo. Não somos todos os que conseguimos tocar violino. Num violinista profissional, o instrumento é como se fosse o seu prolongamento, visto que o próprio corpo funciona como caixa de ressonância, permitindo uma harmonia sonora. Aqui, e ainda com esta idade, essa harmonia é conseguida na perfeição e a técnica é exemplar. O que me deixou surpreendida é que esta criança, contrariamente a outras, não deixa de ter os comportamentos adequados à idade. Claro que teve uma aprendizagem de como se deveria movimentar no meio, mas a espontaneidade permanece lá, sendo essa particularidade muito importante a nível de desenvolvimento adequado. Quem gosta deste género musical, não fica indiferente pela sua beleza e complexidade.
O que gostavas e o que eu gosto, já que há cinco meses 'resolveste' zarpar...sem avisar! O mar, onde me ensinaste a nadar. Bem demais, pelos vistos, porque só gosto de estar onde não há pé.
Fotografia minha. Fachada frontal do Mosteiro dos Jerónimos.
O Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa é o maior exemplar
arquitetónico do estilo manuelino, tendo o nome origem em Manuel I, responsável
pela expansão marítima mundial iniciada no século XV. Como forma de perpetuar a
glória do reinado, o monarca
construiu uma igreja e um mosteiro como forma de representar a glorificação
dos acontecimentos.
O local escolhido ficava localizado à entrada de Lisboa, nas
margens do Rio Tejo. De lá os navios partiam para desbravar o Novo Mundo e as
novas rotas, mais especificamente na freguesia de Belém em Lisboa. A exacta
localização é onde anteriormente se situava a Igreja de Santa Maria de Belém,
bastante frequentada por navegadores antes de embarcarem nas caravelas.
Fotografia minha. Claustros do Mosteiro dos Jerónimos.
Também aqui os nossos marinheiros se podiam confessar antes
de partirem, usando uma parte dos claustros onde foram construídos confessionários.
Imagem retirada da net. Porta de entrada do confessionário.
Estas portas, relativamente pequenas quando comparadas com outras, dispõem-se ao longo de um dos quadrantes dos claustros, conforme se pode ver na fotografia anterior a esta. O seu interior é austero, composto somente por uma janela com grades quase ao nível do chão.
Fotografia minha. Janela gradeada interior ao confessionário.
Quando lá entrei, percebi que para lá das grades o ambiente é escuro e, para mim, tenebroso, e que se fechasse a porta de entrada, a divisão ficaria na penumbra total. O ambiente adequado para a confissão. Embora sendo católica por baptismo, não me considero como tal, logo,este acto, não me faz sentido. Contudo, pensando melhor, se nos situarmos no tempo dos descobrimentos, estes homens, sabendo que iriam embarcar numa "casca de noz" e que as probabilidades de regressarem eram poucas, este devia ser um dos momentos mais importantes.
Tem mil anos uma história De viver a navegar Há mil anos de memórias a contar Ai, cidade á beira-mar Azul
"Tempo livre não significa repouso. O repouso, como o sono, é
obrigatório. O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade de fazermos o que
queremos, mas não de permanecermos no ócio."
Bernard Shaw
Esta citação faz-me todo o sentido.
Eu que queria ler, escrever, estudar, pensar, observar, divagar,
e outras coisas do género, continuo a
usufruir do tempo para fazer o que não quero, ou não me apetece. Ele, escorre-me
como água pelas mãos. A esperança está em encontrar esse lapso de tempo, em que
me será permitido desfrutar do que mais gosto e sempre gostei. Ainda hoje, é
com saudade que recordo a maioria dos
dias de férias, enquanto adolescente. Em casa, sozinha, ouvia música, desenhava, pintava e
lia tardes inteiras, ao ponto de anoitecer e só dar por tal quando começava a ter dificuldade em ver as letras. À noite,
voltava à leitura e seguia, quantas vezes, até acabar o livro.
À medida que a vida foi seguindo o seu caminho, deixei de
poder seguir a linha normal para mim. Os apelos surgem de todos os lados e,
quando finalmente, penso que poderei usufruir
desses poucos minutos, já a hora avançou e, há o dia seguinte com mais apelos e
obrigações. Lembro-me de alguém que me disse que não havia nada nem ninguém que
me desse um dia com mais de 24 horas.
Esta é a 'minha' Lisboa - Belém. A da minha infância, das minhas brincadeiras e dos meu sonhos. Passeios largos. Espaços amplos, assinalados pela imponência do Mosteiro dos Jerónimos e pela implantação desta maravilhosa fonte luminosa, no centro do Jardim da Praça do Império.
Jardim da Praça do Império. Belém.Lisboa
Mais bela ainda à noite, com a projecção de cor, que contrasta com o céu escuro, e a luz difusa proveniente da iluminação do monumento. Algo que ainda hoje, passados tantos anos, me prende a atenção ao ponto de só a custo desviar o olhar.
Pormenor do Mosteiro dos Jerónimos.
Estas fotografias foram tiradas por mim este fim de semana, quando, pela primeira vez, em muitos anos, pude usufruir do espaço, sem tropeçar numa panóplia de gente em massa, filas astronómicas para entrar em qualquer lugar, e, finalmente, poder ver as ruas sem autocarros perfilados, qual linha de montagem. A parte racional diz-me que este local precisa de turistas a percorre-lo, pelas mais variadas razões. Mas a parte emocional sobrepõe-se, porque olhar para este espaço e percepcioná-lo desta forma, é um déjà-vu perfeito.
Jeux d'eau, de Maurice Ravel, é uma peça para piano, inspirada no barulho da água e nos sons musicais que, pretensamente, se fazem ouvir nos jatos de água, nas cascatas e nos riachos. Aqui interpretada por uma Martha Argerich muito novinha.
Luís Vaz de Camões (1524-1580) nasceu e morreu em Lisboa.
Poeta português, autor do poema Os Lusíadas, uma das
obras mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos
marítimos e guerreiros de Portugal.
Fotografia minha. Quadro a óleo. Museu da Marinha.
Fotografia minha. Excerto de Os Lusíadas. Museu da Marinha.
A última fotografia, uma estrofe dos Lusíadas, pretende ser a legenda do quadro acima.
E quem me havia de dizer que iria gostar desta temática, quando, na altura em que a estudei, detestei. Nunca digas, nunca!