quinta-feira, 14 de maio de 2020

Imagens mentais.

Foto minha. Ponta da Piedade, Lagos

Manhã muito cedo, entrada no barco. Barco? Bote! Para usar a terminologia oriunda da zona. O sol queima mas o motor que empurra a embarcação não dá tempo a que se sinta o calor. A água que salpica e atinge quem lá vai causa arrepios.

Saída do molhe e surgem praias salpicadas ao longo da costa. Do outro lado, o horizonte por companhia. Mãos que experimentam a temperatura da água... fria, quente? Quente nunca poderia ser, mas a esperança da temperatura amena não se perde!

Os minutos passam, a viagem continua. O vento é pouco, a corrente não é muito forte e a chegada é rápida. Necessária a manobra para entrada na enseada. Há que ter cuidado com as rochas que parecem profundas mas, enganam. Confiança acima de tudo porque o "marinheiro" sabe o que faz!

Finalmente a fateixa é lançada e a embarcação fica presa.

Em redor nada mais que água e rocha. Lá no alto, o céu azul. O grito das gaivotas zangadas com tão inoportunas visitas. O sol que entra pelos rasgos do tempo na natureza, incide sobre a água fazendo reflexos nas paredes rochosas e inundando de luz as mais variadas zonas de água límpida, deixando ver o fundo!

Não há água fria que seja superior à vontade de nadar no meio daquela coloração natural. À caída à água, um choque térmico que provoca gritos. O eco faz-se ouvir e, de repente, é-nos devolvida a nossa própria voz.

Sonho? Realidade? Um pouco das duas coisas para quem pôde usufruir destas belezas naturais!

O vento norte faz-se sentir! É tempo de voltar a terra. No caminho, a espuma do mar beija os corpos já cansados mas felizes...

O texto foi escrito em 2007 e retirado do 'A Kind of Magic II', mantendo-se, em tudo, actual. 
Contudo, hoje em dia, é mais um sonho que realidade, por representar um tempo tão longínquo. São imagens mentais que ficaram guardadas em mim, e que não vão repetir-se, pois o marinheiro (meu Pai, para quem o mar tanto significava) já não está entre nós!

4 comentários:

  1. Recordações de coisas que nos marcaram, quem as não tem?
    .
    Saudações amigas
    Cuide-se.

    ResponderEliminar
  2. Já por lá andei várias vezes. No entanto o Marinheiro sempre foi um dos muitos que por lá oferecem serviços. Uma zona linda.
    Abraço e saúde

    ResponderEliminar
  3. Um texto escrito há 13 anos e que presumo manter-se actual.
    Recordações? Umas serão boas outras nem por isso. Faz parte da vida.
    Um abraço, Alexandra.

    ResponderEliminar
  4. A leitura levou-me às ilhas da ria formosa...saudades...
    A contar os dias para meter os pézinhos dentro de água e sentir a areia entre os dedos!

    ResponderEliminar