quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Introdução.

Fotografia minha. Lateral do Mosteiro de São Vicente de Fora. Lisboa.

 

O percurso académico que fiz foi de minha inteira responsabilidade e vocação. Assim, o que aprendi, foi interiorizado de forma quase natural. Uma das frases que me foi dita e que a vida enfatizou, é que a “diferença entre o normal e o patológico é da espessura de um fio de cabelo”.  Ou seja, a passagem de um lado para o outro tem um limite muito ténue, pelo que, fazer juízos de valor não é, de forma alguma, a melhor opção.

Estas palavras têm como objectivo a passagem para um tema que me tem vindo a ocupar a mente, sem contudo saber como o abordar num todo.


Fotografia minha. Átrio principal do Hospital Miguel Bombarda. 

 Por um lado, acho que se torna fastidioso falar somente de um imóvel detentor de uma longa história, sendo também objecto de polémica. Por outro, embora seja um símbolo que nem todos gostam por se tratar de um Hospital Psiquiátrico, achei que poderia de alguma forma, transformar a ideia pré-concebida que normalmente temos destes lugares. Quem lá estudou/trabalhou,  sabe que foi um lugar de grande sofrimento, mas também um local de amor. Amor? Sim! Porque para alguns dos que lá trabalharam dando largas à sua vocação, o sentimento que os uniu a estes “residentes” foi  Amor.


Fotografia minha. Placa colocada no Átrio principal do Hospital Miguel Bombarda.


“não o maltratem, que é um doente”, pedido feito pelo Dr. Miguel Bombarda, depois de ter sido baleado pelo  tenente de infantaria monárquico, Aparício Rebelo dos Santos (Braga, 1878-1943) – seu ex-paciente (acometido por ideação persecutória e comportamentos violentos). https://www.revistamar.com/conhecimento/historia/miguel-bombarda/

Assim, farei alguns postes com fotografias minhas e outras retiradas da net, tentando dar uma perspectiva emocional, histórica e critica também.

Os postes aparecerão sempre com o título “H. Miguel Bombarda”, e nem sempre serão colocados em sequência. Por isso, outras postagens poderão surgir entre este tema.


10 comentários:

  1. Eu gostei de ler, sobre um hospital que nunca conheci mas do qual ouvi falar desde menina. Na Seca quando uma pessoa se zangava com outra era comum ouvir dizer "Cala-te, tu devias estar era em Rilhafoles".
    Abraço e saúde

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    1. Elvira, esse foi o primeiro nome da Instituição e, como o Miguel Bombarda foi extinto, agora "evoluímos" e diz-se: "Cala-te, tu devias estar era no Júlio de Matos". Não estou a brincar.

      Um abraço e saúde.

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  2. É um privilégio conhecer certas coisas da nossa História.
    Um abraço, Alexandra.

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  3. Presumo que tenha exercido psiquiatria e/ou , áreas que sempre me interessaram Aliás, uma das melhores decisões em toda a minha vida foi a de fazer psicoterapia.

    Não sei se era bom ter uma instituição para pessoas alienadas, mas preocupa-me a situação actual.

    Abraço ainda não confinado :)

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    1. São, exerci psicologia clinica, enquanto me deixaram, visto que o mercado de trabalho nesta área é "atribulado". E, sim, pode crer que foi uma das melhores decisões da sua vida.

      Estas instituições não eram a solução correcta porque tendiam a ser um "depósito" de pessoas com problemas mentais, mas a situação actual é, de certeza, pior.

      Abraço mesmo que confinado :))

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    2. Estamos de acordo!

      Beijinho e boa votação! :)

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  4. Alexandra,
    “diferença entre o normal e o patológico é da espessura de um fio de cabelo”
    Só esta frase daria "pano para mangas" , costumo dizer que ninguém está livre de passar essa barreira.
    Falo por experiência própria sem problema algum em dizê-lo, aliás o estigma de ter vergonha em admitir quando não estamos bem psicologicamente, é o maior obstáculo para a cura, não acha?
    Esta sua temática é muito oportuna, pois sabemos como esta pandemia está afetar os nossos comportamentos, físicos e mentais.
    Os profissionais da área da saúde mental são agora mais importantes do que nunca, respeito-os e admiro-os.

    Um beijinho

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    1. Fê, tem toda a razão! NINGUÉM está livre de passar esta, tão TENUE, barreira. Pena que seja tão pouca a consciencialização desta realidade.

      Fala por experiência própria e muito bem. Infelizmente o estigma ainda existe e, sim, é o maior obstáculo para a resolução dos problemas desta área. Não há que ter vergonha, de forma alguma! Aliás, eu que não acredito em milagres, costumo dizer que a psicoterapia pode fazer milagres (em situações adequadas).

      Obrigada pelas suas palavras. :)

      Um beijinho.

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  5. Estos centros hospitalarios siempre fueron apartados de la sociedad en la ciudad de Palencia estaban en los extra radios tanto el femenino como el masculino el primero ya esta casi integrado en la ciudad. Ambas instituciones las gestionan los hermanos hospitalarios de San Juan de Dios.
    Como nos dices estos enfermos necesitan mucho amor y compresión.

    Saludos.

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  6. Ca esta. As pessoas so registam o lado mau das coisas. Nao percebem o feito e a satisfacao de quem Lutou e conseguiu quem lhe dessem ouvidos sobre ajudar o pŕoximo. Ninguem se lembra dos muitos - medicos e nao so- que, por amor e altruismo dedicaram as suas vidas para procurar compreender a origem de tanto mal e descobrir como ajudar quem sofre.

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