segunda-feira, 27 de abril de 2020

Escada sem corrimão.

Fotografia minha. Castelo dos Templários e Convento de Cristo, Tomar.

É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
Mas nunca passa do chão.

Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.

Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.

Sobe-se numa corrida.
Corre-se p'rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.

    David Mourão- Ferreira

Como pode a vida ser uma escada sem corrimão? Pode!
Por vezes a queda é tal que esquecemos quem somos. Continuamos a viver, ou a sobreviver -  porque o instinto de sobrevivência é das últimas características a desaparecer no ser humano – muitas vezes tempos infinitos, até que algo ou alguém, nos abre uma janela por onde olhamos incrédulos, e percebemos que não fomos nós a passar pelo tempo, mas o tempo a passar por nós.
Que fazer? Tentar subir, novamente, a escada sem corrimão (aqueles que conseguem), sabendo desta vez que não existe amparo, mas tendendo a esquecer a ausência dele.

Poema retirado de A Kind of magic II.

3 comentários:

  1. A vida pode ser uma escada sem corrimão e com altos e baixos.
    Caímos, logo nos levantamos.
    A força está dentro de nós.
    Abraço

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  2. A vida tem altos e baixos. Um dia sobe-se, outro desce-se. Muitas vezes de forma trémula, cansada, mas sempre decidida. Por isso, o poeta, catalogou a vida como sendo uma escada sem corrimão

    Cuide-se...Proteja-se

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  3. "Como pode a vida ser uma escada sem corrimão?"
    Se pensar bem, Alexandra, é pela sua imprevisibilidade que a vida é tão aliciante e preciosa. Se tivesse corrimão, não passava dum sensaborão passar de dias, com tudo a condizer com o traçado pela régua e esquadro.

    Um beijinho :)

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